
A britânica Hannah Cockroft treina na orla carioca. Imagem: Getty Images.
Muitas pessoas estão surpresas com o uso das palavras Paralimpíadas e paralímpico. Afinal, não faz muito tempo, falava-se em Paraolimpíadas e paraolímpico. A mudança, porém, nada tem a ver com normas gramaticais do português.
Entenda o motivo
A pedido do Comitê Paralímpico Internacional, autoridades brasileiras e a maior parte da imprensa do país passaram a adotar as formas sem a letra o. O objetivo do Comitê é padronizar mundialmente o uso do termo, em consonância com a forma inglesa Paralympics, forma predominante naquele idioma desde a década de 1950. Há ainda preocupações de propriedade intelectual, já que Olimpíadas e Olímpico são marcas registradas do Comitê Olímpico Internacional.
Apesar de iniciada em 2011, a mudança em português só ficou mais visível (e audível) no Brasil a partir da organização da competição no Rio de Janeiro. Esforço semelhante pela organização do evento havia acontecido em preparação aos jogos de Barcelona, em 1992, quando a forma sem o também prevaleceu em espanhol.
Artificial
A inovação parece ignorar o processo de formação de palavras do português. As palavras originais são formadas pelo prefixo para-, presente em paraplégico, junto às palavras olímpico ou olimpíadas. O corte do o soa pouco natural e dificulta o reconhecimento do significado.
Ainda, de acordo com o professor Paulo Ledur,
“A evolução de um idioma se dá sempre de ‘baixo para cima’. Ou seja, quando a população começa a usar mais uma forma do que a outra, os dicionários e linguistas podem passar a adotá-la, e nunca o contrário, quando um termo é sugerido de ‘cima para baixo’, como é o caso com a ‘Paralimpíada'”.

Google sugere a grafia oficial do evento
Devo usar?
Mas então está errado usar paraolímpico e Paraolimpíadas? Não, pois são formas dicionarizadas, já incorporadas à norma culta do idioma.
A Folha de São Paulo e o UOL são dois dos principais veículos de comunicação que não aderiram à inovação proposta pelo evento, ao contrário da maioria da imprensa.
E você, qual forma prefere?