Mandado e mandato

As duas palavras, tão frequentes no noticiário, são facilmente confundidas. Mas cuidado: elas têm significados totalmente diferentes.

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O que é mandado?

É uma ordem escrita, emitida por uma autoridade judicial ou administrativa. Por exemplo:

  • mandado de prisão;
  • mandado de segurança;
  • mandado de busca e apreensão.

Veja um exemplo em que o jornalista trocou as bolas:

  • [O] pastor e marido de Bianca Toledo foi preso (…) em cumprimento a um mandato de prisão temporária (..) [1].

O que é mandato?

É o poder concedido a um político eleito para determinado cargo. Por exemplo:

  • mandato presidencial;
  • mandato de governador;
  • mandato de deputado.

Veja estas frases corretas:

  • Eduardo Cunha vive as últimas horas do mandato de deputado [2];
  • Obama cobra da Venezuela respeito a referendo sobre mandato de Maduro [3].

 

Veem ou vêem?

pexels-photo-30763Se você estiver em dúvida sobre usar acento em creem, deem, leem e proveem e veem, a dica de hoje é muito simples: não há mais acento circunflexo (^) nessas formais verbais, de acordo com o Novo Acordo Ortográfico em vigor. Confira estes exemplos:

  • Minhas filhas leem muito;
  • Espero que eles deem uma olhada no documento;
  • Economistas veem onda de valorização do real;
  • Poucos creem no retorno da presidente afastada;
  • Os recursos obtidos proveem de diferentes instituições.

Atenção: veem é uma forma do verbo ver, sem relação com vir. Esta é a conjugação de vir na terceira pessoa do singular (ele, ela) e na terceira pessoa do plural (eles, elas):

  • Ela vem aqui todos os dias;
  • Eles vêm aqui todos os dias.

 

Há um ano atrás?

Para evitar a repetição desnecessária de uma ideia, não devemos usar haveratrás na mesma frase, quando ambas as palavras indicarem passado.

Obviamente, é muito comum falarmos ou escrevermos frases como esta:

  • Ela esteve aqui um ano atrás.
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“Pior do que café frio, só um pleonasmo”, disse ela.

Para uma frase mais elegante, porém, podemos simplesmente eliminar ou eliminar atrás:

  • Ela esteve aqui um ano atrás;
  • Ela esteve aqui um ano.

Na fala cotidiana, é comum esse tipo de redundância na mesma frase, chamada em gramatiquês de pleonasmo.

Veja alguns outros exemplos clássicos de pleonasmo:

  • adiar para depois;
  • encarar de frente;
  • sair para fora;
  • subir para cima.

Outra construção redundante a ser evitada, especialmente na linguagem escrita e mais formal, é já não mais.


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Anti: com ou sem hífen?

Saiba como o usar o prefixo de acordo com o Novo Acordo Ortográfico

Com hífen

O prefixo anti é seguido de hífen apenas quando a segunda parte da palavra começar com as letras h ou i. Veja estes exemplos:

  • anti-herói;
  • anti-higiênico;
  • anti-histamínico;
  • anti-imigração;
  • anti-inflamatório;
  • anti-intelectualismo;
  • anti-islâmico.
Cremes anti-idade milagrosos também têm hífen!

Até cremes anti-idade milagrosos têm hífen!

Sem hífen

Quando a segunda parte da palavra é iniciada por quaisquer outras letras, não há o uso de hífen, como nestes exemplos: Continuar lendo

Ex-tudo

Você tem boas lembranças da sua ex-empresa?

exEm anos recentes, surgiu na imprensa brasileira a tendência de usar “ex-empresa”, como nestes exemplos:

  • ‘Rei da renda fixa’ aproveita momento de vingança contra ex-empresa (Folha);
  • Francês processa ex-empresa por ‘não fazer nada’ no trabalho (Uol).

O uso de ex- nesse caso ajuda a evitar explicações mais longas (“a empresa na qual trabalhou”). Esse uso é inovador e difere do emprego mais conhecido do prefixo.

Ex- é usado tradicionalmente para indicar que uma pessoa não ocupa mais certo cargo (ex-diretora, ex-presidente) ou não possui mais certo vínculo que costumava ter (ex-noivo, ex-mulher, ex-namorado).

É cedo para dizer se a moda jornalística chegará à fala cotidiana. Caso isso aconteça, e o mesmo princípio seja aplicado a outras palavras, talvez as pessoas falarão com naturalidade da instituição onde estudaram como sua ex-escola ou sua ex-faculdade. O local onde moraram será seu ex-apartamento ou sua ex-casa. O partido ao qual já foram filiados será seu ex-partido.

Por enquanto, esses usos de ex- soam a mim um tanto artificiais. O que lhe parece?

 

90% querem

Como usar porcentagem sem errar na gramática

O uso de porcentagem pode trazer algumas dúvidas na hora de falar e escrever. Como regra geral, o verbo concorda com o elemento que estiver mais próximo.

Quando a porcentagem é seguida imediatamente pelo verbo, o verbo concorda com o número:

  • Apenas 1% está de acordo com a proposta;
  • Cerca de 2% recusaram a oferta.

Quando a porcentagem é seguida de um substantivo, o verbo deve concordar com o substantivo:

  • 35% dos entrevistados foram selecionados;
  • Mais de 50% do eleitorado aprova o projeto.

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Como brasileiros escrevem “impeachment”

Usuários brasileiros do Google, em sua imensa maioria, escrevem corretamente a palavra “impeachment”. Isso é o que mostra este gráfico do Google Trends sobre as buscas feitas no último domingo:

impeachment

 

A palavra chegou ao inglês através do francês antigo “empecher” e tem origem no latim “impedicare”. Ganhou força por estas bandas em 1992, ano em que a Câmara dos Deputados havia aprovado o impeachment de Fernando Collor de Mello. O então presidente, porém, driblou o processo através da renúncia.

O português brasileiro adotou “impeachment” com a mesma naturalidade de tantas outras palavras de origem estrangeira. Afinal, “impedimento” é coisa de futebol!